23.3.08

06.02

Final do dia no centro da cidade, "happy hour" (com muitas aspas) depois do trabalho, numa pastelaria com o Felipe - a segunda opção de pastelaria já que a primeira ainda estava em reforma, contrariando a faixa que informava a data do retorno. Comi um pastel de carne porque o de queijo acabou e bebi suco de goiaba porque os morangos só existiam no cardápio. 500ml. R$2,50. Sem morangos: goiaba. Aguado. Sonso. E era esse o mesmo assunto da conversa com o peito carregado - os dias sonsos. Era a sempre mesma falta resignada, mas que teima em se mostrar (mais) certos dias.
Saímos da pastelaria, ficamos encostamos no carro e, quando ainda estávamos aos suspiros, o hippie vendedor de pulseiras de arame apareceu. Não para oferecer pulseiras, mas pedindo um cigarro que nem estava visível. Entreguei um e o hippie deu um pulo de alegria no mesmo lugar para depois, como quem de tão feliz precisa dividir o motivo da felicidade, falar que havia acabado de beijar um cara. "Quê?!" "Nada não..." "Fala..." "Ah! Beijei um cara agorinha, um que queria beijar faz um tempo. Daí hoje ele veio do nada e me beijou." Não lembro se ele disse alguma coisa mais antes de ir embora com o cigarro, sei é que fiquei até o outro dia um tanto fixado na história do beijo e em como ele estava contente - algumas vezes fui embora com o hippie para não-sei-onde. Naquele dia, para ele, a primeira pastelaria estava aberta, o pastel era de queijo e o suco foi de morangos com leite. Ao contrário dos suspiros pesados, as baforadas satisfeitas de fumaça do cigarro.
 
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