15.12.07

Pálidos desenhos em cola bastão

Ela fazia de sua vida um experiência de laboratório... uma sempre calculada receita. Ingredientes somados e subtraídos em momentos exatos. Uma exata alternância dos sabores dependendo de quem a provaria. Isso, para os homens que viessem a prová-la por algum tempo, deveria ser interessante. Homens gostam um tanto mais do que não entendem direito, do que lhes pareça oferecer algum mistério, ficando um tempo presos como os insetos em volta da luz. No caso dela o mistério acaba e, também nesse caso, não só seus amores, mas as pessoas em volta também terminam - vejam só - entediadas em meio ao mistério.
Sim, o importante é ter o que falar, de preferência indo contra a provável maioria. Cheia de opiniões. É preciso ter opiniões. "Acho isso 'disgusting', adoro aquilo... O que?! Telas?! Ah, não... não pinte telas, não vale a pena pintar telas..." Na verdade nunca achei as telas dela realmente interessantes, cola bastão contornando desenhos pseudo-fofos. Mas, apesar disso, ela tinha meios para se construir. Tinha uma bela voz, tocava bem, podia ler, ver, ouvir, pintar telas com cola bastão e também podia-se dizer bonita, apesar do jeito feio de andar. Munida assim desenhava-se para os outros. Quando pensava ter encontrado pessoas de seu interesse revelava-se doce e afável, oferecendo suas opiniões; do contrário as jogava para os pobres comuns, em mais um movimento calculado.
Com o tempo ela passou a acreditar que acreditava nas suas opiniões forçadas e a forjar outras tantas, e quase cria no que queria que os outros pensassem dela. E sempre existiram os que acreditaram também, os que se inebriassem... pelo menos por algum tempo, pelo menos por enquanto.

9.12.07

Offset, trim, strech...

No dia da semana em que eu poderia dormir até a hora que eu quisesse sonhei com a tela do AutoCAD...

4.12.07

8 to 21

A vida no escritório está acabando com a minha outrora tão assídua vidinha online... Tá, eu não ligaria nada pra isso na verdade... se sobrasse tempo pra outras amenidades da vida real!

*Só micro-posts...

29.11.07

Em forma (or not)

Deve ser grave quando, inspirado por um desses programas do GNT sobre "como levar uma vida mais saudável", você descobre que seu sedentarismo não permite que você faça um única flexão, não?! Nem 'uminha', gente...

21.11.07

Saldo

A instalação que deu certo depois de um trabalho do caramba (depois coloco algumas fotos), seguida de uma viagem deveras agradável no feriado. Gente de longe, gente de perto, cores, cinzas, saudades 'matadas', saudades reforçadas e algum rombo no orçamento... De volta, emendo trabalhos com prazos apertados e clientes indecisos - e convenhamos, indecisão não orna muito com pouco prazo.
E tudo que eu quero é outra instalação, outra viagem e outros trabalhos que me apeteçam porque, enquanto não sei o que será de mim num futuro próximo, e nem tenho grandes planos, eu quero mesmo é me ocupar...

7.11.07

A cartomante ou "fazendo a Macabéa"

Último final de semana me consultei com as cartas do tarô (ou tarot?)... Não paguei por isso, a coisa toda foi mais descompromissada com a mãe de uma amiga lendo as cartas. E não é que fez sentido?
Antes de começar você escolhe uma leitura mais geral ou então uma sobre um assunto específico e a disposição do jogo muda conforme a sua opção. Escolhi uma geral. Sem as previsões mirabolantes que a gente logo imagina que virão, aquilo acabou por fim a me dar alguns bons toques sobre coisas que eu mesmo poderia concluir caso tivesse a cabeça menos embaralhada que aquele bolo de cartas. E claro, depois a gente enxerga sinais da coerência do que as cartas disseram em vários acontecimentos posteriores (isso porque só se passaram cinco dias até aqui... ).
Enfim, só sei que resolvi seguir os conselhos das cartas, não por misticismo, mas por parecer realmente o mais sensato a se fazer para que eu, um dia, consiga a minha "hora da estrela" - obviamente menos trágica que a de Macabéa. E okay, eu não ligaria de fazer uma consultinha mensal...

29.10.07

Encomenda da Ju

1. Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2. Abra-o na página 161;
3. Procurar a 5ª frase completa;
4. Postar essa frase em seu blog;
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6. Repassar para outros 5 blogs.

A minha frase é:

- É que... Bom, recebi um telefonema e a produção da peça, que eu ia fazer o cenário, achou que meu preço é muito alto. E, você sabe, não posso ficar fazendo concessões, porque depois todos vão pechinchar o meu salário. Sendo assim, poderia ficar mais um pouco. Você se importa?

Do livro "Vergonha dos Pés" da Fernanda Young...
Na verdade o livro mais próximo era o dicionário, então resolvi utilizar o último que li.
E eu repasso a encomenda para qualquer linkado aqui do lado que queira continuar a brincadeira.
Ah! Em tempo, no caso do dicionário, o quinto verbete da página 161 seria "cobiçar".

24.10.07

Enfim... processada!

Para quem não vinha entendendo lhufas dessa história de posts-processo, é o seguinte: eles vinham me servindo como desenvolvimento conceitual de uma instalação que - humilde e pretenciosamente - eu e minha amiga Iaiá colocaremos em exposição semana que vêm em um espaço cultural daqui. Posso não terminar minhas telas, mas dessa vez acho que a instalação sai! O título: Do que fica, um pouco.

P.S.: A imagem era para ser um adorável postal para os visitantes da exposição... Alguém patrocina?!

Processo III (por Iaiá)

O pão, a lata, o carro, a cadeira vitoriana, o bule, o passe de ônibus, o chinelo azul, o pé, o porcelanato manchado, a coleção de penas, o pato... Os segundos enverdecem-nos pó.
São segundos os minutos, as horas, os anos, e mesmo quem ainda era afeto, já nasceu, já andou, já comeu, já trabalhou, já amou, deixou de amar, amou de novo, já viajou, já voltou, tudo ontem mesmo - antes deste segundo que acabou de brotar e agora já é outro, que já não é mais...
O pó se espalha como o que nunca existiu. E o que as mãos conseguem segurar?
O eterno é belo e fluido, substâncias, sutilezas, fortalezas finas de etéreas melodias. O eterno não se pode tocar.

18.10.07

Processo II

Passeio de mãos pensas entre o que apodrecerá e o que é divino. Minhas divindades têm por característica permanecerem, imunes ao tempo - ainda que não se possa tocar com os dedos dessas mãos, que pendem. Um bem-querer permanece, um acorde permanece, a poesia permanece, uma imagem permanece... divina simplicidade!
Ter algo entre os dedos hoje é não ter noutro dia... Eterno é antes e depois: agora já passou, a luz que entra pelos olhos e precisa ser 'entendida' pelas retinas, traduzida em pensamento, já aconteceu há algumas frações de segundo. É o mesmo silêncio das estrelas.

13.10.07

Breathe me

"You can't take a picture of this, it's already gone."

9.10.07

Processo I

Como sempre agridoce, entre a aridez de um quarto onde uma esperança - o inseto verde de Clarice - ainda teima continuar agarrada às paredes e outra paisagem, que se torna alagada com a mesma velocidade dos momentos bons - nem todos vividos.
São notícias, constatações ao avesso, poemas, canções... é o tempo capaz de tornar alguma cidade submersa, é o mesmo tempo capaz de dissolver o que é concreto. Ainda assim é normalmente tão pouco. Como sempre, agridoce.

4.10.07

Vento de quinta-feira


(...)
E que mais, vida eterna me planejas?
O que se desatou num só momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.

Drummond

29.9.07

Roteirizando

Se me fosse possível narraria minha vida para eu mesmo ouvir, uma coisa assim meio seriado americano, onde o protagonista discorre sobre os acontecimentos e alguma lição que se tira deles ao final de cada episódio. Por exemplo, Felicity o fazia num gravador para uma tal "dear Sally", em Desperate Housewives uma voz do além (literalmente uma personagem morta) o faz, já em Grey's Anatomy a Drª. Meredith nos introduz a um curso básico de filosofia cotidiana, Carrie escrevia sua coluna semanal sobre o sexo e a cidade e ganhava dinheiro com isso e por aí vai...
Mas o caso é que aqui não funciona bem assim, longe disso. Quem me dera conseguir ver os acontecimentos, todas as cabeçadas, todos os acertos e ponderar sobre eles tão lucidamente quanto numa série dessas. Aqui a coisa é mais parecida com o esquema dos ratos de laboratório, levando choques e choques até aprender qual o botão certo de se apertar pra conseguir algum alimento - alimento, amor, dinheiro, carinho, satisfação... preencha sua própria lacuna. Comédia dramática a minha e ainda sem um narrador que me elucide. Tá aí! Eu protagonista não posso esperar assistir tudo e dar-me ao luxo de apenas tomar nota e resenhar. Nem dá tempo e quando se vê o capítulo já é outro, o enredo mudou, a temporada passou, insisti no mesmo botão, levei outro choque, fui, não vi, voltei, sabendo que um dia, de novo, eu irei. Enfim, co-roteirizando. Bom, e todo mundo que acompanha um seriado desses sabe que mesmo o narrador-protagonista vive em apuros, daí a graça da coisa toda.
E se eu fosse terminar a narração dessa situação - e aqui eu posso - usaria otimista do chavão: eu sou novo, ainda aprendo.

25.9.07

Tah-dah!


"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamas!"
Ernesto 'Che' Guevara

19.9.07

Recomendadíssimo

Talvez já lhe seja conhecida, mas não custa a recomendação. Ideafixa é uma art e-magazine produzida por brasileiros, porém contando com trabalhos de gente de diversos lugares do mundo e realizados em técnicas igualmente diversas. Em edições bimestrais e temáticas, a revista faz uma selação dos trabalhos que são enviados.
As fotos aqui em cima são de trabalhos de Bouger and Regner, João Ruas e Jorge Bispo.

A minha edição preferida até então é a #5, com o tema Woman/Mulher. Qual a sua?!

15.9.07

Licença poética

"Fumar é um jeito discreto de ir queimando as ilusões perdidas. Daí, esse ar entre aliviado e triste dos fumantes solitários. Vocês ainda não repararam que ninguém fuma sorrindo?"

"Desconfia dos que não fumam: esses não têm vida interior, não têm sentimentos. O cigarro é uma maneira disfarçada de suspirar..."

Mario Quintana

And then... Scarlett!


12.9.07

Take a trip

Começo na comunidade da Tori no orkut, tópico com link para o YouTube, uma reportagem belga sobre mulheres no showbiz (plus para a Amy Winehouse arrumando o soutien e Tori dizendo que podia ser a mãe dela). Daí, como nunca fico em apenas um video da Tori... Bliss. "Bliss" também uma música do Muse, banda que havia um bom tempo eu não ouvia. Okay, mais um. Mais alguns! Incluindo um onde alguém aplica um efeito de distorção e deixa a voz do vocalista da banda praticamente igual a da Gwen Stefani. Bom, sigo até Feeling Good. "Feeling Good", música da Nina Simone que serve de trilha para o trailer da quarta temporada de Six Feet Under. Adoro! A música, a série e a cantora. Mais Nina... Enfim, é por isso que acho tão complicado trabalhar em casa...


"I got my earrings."

4.9.07

Novo de novo

É como em final de namoro, quando se tem a vontade clichê de ser outro. Não outra pessoa, mas uma versão melhorada sua. Bom, "melhorada" também não seria a palavra mais certa. Em vistas de outrem provavelmente seria uma melhora - "provavelmente" porque não é sempre que se consegue agradar - mas o caso é que pra você, acima de tudo, é uma questão de novidade. Porque é você quem convive com você nas 24 horas do dia, é você quem sabe das bobeiras que faz, das coisas que deixa passar, do que podia ter dito e não disse, do que disse quando devia calar, enfim, as dores e delícias de ser o que é. E o cúmulo maior dessa convivência: até os pensamentos dessa pessoa lhe são inteira e obrigatoriamente disponíveis!
Então, como qualquer relacionamento que se desgasta, este pede uma parada, uma hora para "discutir a relação". As coisas mudam ou não, e ao seu próprio sabor muitas vezes, por mais resistência ou desejo que se possa ter. Você entrou na faculdade ou saiu dela, reprovou no exame da auto-escola pela sexta vez, voltou do seu tour de um ano pela Europa (sonhar não custa...), está num emprego novo, de saco cheio do atual, ou quem sabe conseguiu o primeiro - e junto com ele algum dinheiro garantido a cada mês -, está começando um namoro, ou o contrário, está sozinho a perder de vista. Variáveis não faltam, mas só por aí já bastaria para se ter uma necessária conversa periódica com esse seu parceiro inseparável, ao qual foi sentenciado a viver uma vida. Se conselhos fossem bons seriam vendidos (alguém ouviu o Bial em "Filtro Solar"? Tá, mas alguém comprou o cd?! Comprou?!) então cabe a cada um saber que contas ajustar com esse outro tão esmiuçado e nem sempre compreendido, um outro ironicamente tão íntimo. E como para tudo, paciência, minha gente, paciência! Simplificar - mais ironias - não é tarefa das mais simples.
Tudo isso, no fim, pra tratar do assunto lá do começo, da vontade de ser um outro livre talvez do seu outro, um novo eu, você, ele, ela (quanta gente!)... Mas, ao contrário de um namoro que se termina, essa relação não acaba assim, quando se acha que não vale mais a pena continuar - há quem utilize recursos diversos para entorpece-lá e/ou fugir dela, mas você sempre volta, e seu inquilino vai estar lá esperando sentado no lugar com aqueles pensamentos que você é obrigado a ler, pelo menos nos casos menos drásticos de tentativa de fuga. Assim, como você não pode esperar por um final nesse casamento, resta-nos a reinvenção. O novo possível. Mudar o que for viável e necessário, relevar o que não der pra deixar de lado, ou tentar terapia talvez, dar novas cores aos desbotados dias, gastar um pouco do novo salário numas roupas novas, tentar um novo corte de cabelo, novos programas, um novo blog... quem sabe?!
 
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