4.9.07

Novo de novo

É como em final de namoro, quando se tem a vontade clichê de ser outro. Não outra pessoa, mas uma versão melhorada sua. Bom, "melhorada" também não seria a palavra mais certa. Em vistas de outrem provavelmente seria uma melhora - "provavelmente" porque não é sempre que se consegue agradar - mas o caso é que pra você, acima de tudo, é uma questão de novidade. Porque é você quem convive com você nas 24 horas do dia, é você quem sabe das bobeiras que faz, das coisas que deixa passar, do que podia ter dito e não disse, do que disse quando devia calar, enfim, as dores e delícias de ser o que é. E o cúmulo maior dessa convivência: até os pensamentos dessa pessoa lhe são inteira e obrigatoriamente disponíveis!
Então, como qualquer relacionamento que se desgasta, este pede uma parada, uma hora para "discutir a relação". As coisas mudam ou não, e ao seu próprio sabor muitas vezes, por mais resistência ou desejo que se possa ter. Você entrou na faculdade ou saiu dela, reprovou no exame da auto-escola pela sexta vez, voltou do seu tour de um ano pela Europa (sonhar não custa...), está num emprego novo, de saco cheio do atual, ou quem sabe conseguiu o primeiro - e junto com ele algum dinheiro garantido a cada mês -, está começando um namoro, ou o contrário, está sozinho a perder de vista. Variáveis não faltam, mas só por aí já bastaria para se ter uma necessária conversa periódica com esse seu parceiro inseparável, ao qual foi sentenciado a viver uma vida. Se conselhos fossem bons seriam vendidos (alguém ouviu o Bial em "Filtro Solar"? Tá, mas alguém comprou o cd?! Comprou?!) então cabe a cada um saber que contas ajustar com esse outro tão esmiuçado e nem sempre compreendido, um outro ironicamente tão íntimo. E como para tudo, paciência, minha gente, paciência! Simplificar - mais ironias - não é tarefa das mais simples.
Tudo isso, no fim, pra tratar do assunto lá do começo, da vontade de ser um outro livre talvez do seu outro, um novo eu, você, ele, ela (quanta gente!)... Mas, ao contrário de um namoro que se termina, essa relação não acaba assim, quando se acha que não vale mais a pena continuar - há quem utilize recursos diversos para entorpece-lá e/ou fugir dela, mas você sempre volta, e seu inquilino vai estar lá esperando sentado no lugar com aqueles pensamentos que você é obrigado a ler, pelo menos nos casos menos drásticos de tentativa de fuga. Assim, como você não pode esperar por um final nesse casamento, resta-nos a reinvenção. O novo possível. Mudar o que for viável e necessário, relevar o que não der pra deixar de lado, ou tentar terapia talvez, dar novas cores aos desbotados dias, gastar um pouco do novo salário numas roupas novas, tentar um novo corte de cabelo, novos programas, um novo blog... quem sabe?!

2 comentários:

Felipe disse...

Uma despensa, suja e bagunçada, lá no fundo do quintal que nós tentamos transforma-la em um armário, organizado alfabeticamente.

Missão impossível!
A verdade é que: Temos um rehab gigantesco dentro de nós, loucos e mais loucos pulando sem parar aqui dentro, ou como diria tia Tori:" Ohhh, these little earthquakes"

PS:Vem cá, esse negócio de "reprovou no exame da auto-escola pela sexta vez" foi para mim, é?
você não me gonga, tsá?

Pedro. disse...

It's like I checked into rehab

 
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